Continuando nossa série sobre modelos econômicos alternativos, que garantam a sustentabilidade e o bem-estar das gerações presentes e futuras, refletimos sobre a importância da economia circular e também do modelo econômico Dunuts. Ambas discorrem sobre a busca por diferente formas de atuação e modernização das práticas tradicionais das organizações, logo maneiras de inovar. Confira em:
Recapitulando os últimos artigos, ao contrário do que soa, decrescer não é o mesmo que passar por uma recessão econômica, tampouco o decrescimento se limita ao campo da economia. Quando falamos de decrescimento, nos sugerimos ao um conceito mais amplo que se caracteriza pela escolha política, voluntária, de redução da utilização de recursos e energia, o que implica a redefinição de necessidades e bem-estar. Em outras palavras o decrescimento é, uma alternativa mais radical que o "desenvolvimento sustentável" e o "crescimento verde", no sentido de que ataca as raízes dos problemas socioambientais atualmente enfrentados. O movimento de decrescimento busca desafiar diretamente um pilar central da política econômica global - que mais é sempre melhor. Em vez disso, para evitar crises futuras, os defensores do decrescimento dizem que é hora de adotar um modelo que priorize o bem-estar social e ecológico. Sam Meredith, da CNBC, explica no vídeo abaixo: Para a materialização desse conceito de decrescimento há a necessidade de promover e implementar inovações sociais, as quais são tanto elementos como condutoras de transformações sistêmicas. Sem inovação, portanto, não é possível construir um cenário de decrescimento. O papel da inovação no DecrescimentoA ideia de inovação voltada exclusivamente para atender a competitividade do mercado tem perdido importância frente a uma proposta socialmente reconhecida que visa e gera mudança social, a inovação social. De fato, tomando como base o artigo intitulado 'Inovação sem crescimento: Estruturas para compreensão mudança tecnológica em uma era pós-crescimento', os autores Pansera, M., &Fressoli, M. (2020) discorrem sobre a necessidade de criar condições para o surgimento de uma conceituação pós-crescimento de inovação. Eles defendem novos modos de inovações dissociados da busca irracional de crescimento econômico sem fim, em seguida, fornecemos vários exemplos que sugerem que esse desacoplamento já está acontecendo em algumas organizações. No artigo os autores concluem que o papel da inovação em organizações pós-crescimento não fornece qualquer indicação específica sobre o tipo de tecnologia ou nível de avanços tecnológicos que possivelmente caracterizariam uma sociedade pós-crescimento. Pelo contrário, o que emerge fortemente dos casos é que as organizações pós-crescimento não buscam necessariamente tecnologias novas e inovadoras por si mas sim uma "relação diferente" com a tecnologia. Uma relação baseada na ética e na prática do cuidado em vez de um processo de destruição criativa. Tecnologia como ferramenta de combate a desigualdade social no paísInovação social é um modo de criar novas e mais efetivas respostas aos desafios enfrentados pelo mundo hoje. É um campo em que não há limites, que pode ser desenvolvido em todos os setores, público, sem fins lucrativos e privado, e no qual as iniciativas mais efetivas ocorrem quando existe colaboração entre os diferentes setores, as partes interessadas e os beneficiários. Inovação social é uma nova ideia ou uma ideia melhorada que, simultaneamente, atende as necessidades sociais e cria novas relações sociais. De acordo com estudos de Murray (2010), trata-se de um fenômeno capaz de elevar a capacidade de agir da sociedade. Para os indivíduos, os objetivos de inovações sociais abrangem satisfazer necessidades sociais, melhorar o padrão de vida continuamente e enriquecer a capacidade de agir de grupos e indivíduos, por exemplo. Já numa perspectiva de sociedade a inovação social trata de uma mudança geral na sociedade ao eliminar desigualdades e promover o desenvolvimento sustentável. Para clarear o discutido até o momento, o vídeo abaixo é um bom exemplo sobre como a pandemia escancarou a desigualdade no Brasil e sobre a tecnologia pode ser uma importante ferramenta no combate à desigualdade social no país. 5 Reflexões sobre Tecnologia e DesigualdadeAqui realço cinco importante assuntos abordados no vídeo sobre a tecnologia e a desigualdade: ,Existe uma forte relação entre desigualdade e instabilidade que de acordo com o professor da Universidade de Columbia Jeffrey Sachs, nasce da fragilidade em se manter uma democracia genuína sustentada enquanto uma sociedade desigual como o Brasil, onde algumas pessoas mal sobrevivem enquanto outras são extremamente ricas. O professor acrescenta que viver em sociedade mais igualitárias tem grandes vantagem:
O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, as Nações Unidas utiliza um coeficiente chamado Gini exatamente para medir quanto os países são desiguais e o nosso país é o nono pior, perdemos somente para países como a Namíbia ou a África do Sul, que alias é o pais mais desigual do planeta. Pior do que esta noticia é saber que nos últimos anos nosso pais vem piorando este coeficiente e com a pandemia esta situação só tende a piorar. A economista Laura Carvalho, autora do "Valsa Brasileira" acrescenta que a desigualdade em nosso pais é multidimensional que vão além da própria renda que reforça a necessidade de discussões que questões pré existentes como desigualdades estruturais, raciais, de gênero, de renda e de acesso a serviços. UM em cada TRÊS brasileiro não tem conta bancaria (Sim, você não leu errado).O problema da desigualdade no Brasil é tão grande que um de cada três brasileiros adultos não tem conta bancaria, e isto é um caos para transferência de renda emergência, como agora na pandemia. Ao contrário do Brasil, outros países em desenvolvimento como é o caso Índia e da China nos últimos cinco anos fizeram um movimento massivo de bancarização. Há dez anos atrás a Índia tinha pouco mais de 20% da população adulta com conta bancaria, em 2018 este numero passou a ser mais de 70%. A consequência da não inserção da população no sistema financeiro é caríssimo principalmente na situação de emergência em que estamos vivendo, o custo da falta deste movimento é infelizmente pago em vidas. Questionado sobre o papel da tecnologia no mundo atual e sobre sua relação na promoção do desenvolvimento econômico ou instabilidade, o professor Sachs concorda com o artigo 'Inovação sem crescimento: Estruturas para compreensão mudança tecnológica em uma era pós-crescimento. Ele afirma que tecnologia não tem uma ética intrínseca, que tecnologia é uma ferramenta que pode ser utilizada para o "bem" ou para o "mal", seu resultado depende do objetivo de quem a utiliza. A economia digital pode gerar acesso universal à telemedicina, ao ensino à distância, bancos conectados, governos digitais, uma participação politica mais inclusiva, com votos online ou métodos de cidadania. Entretanto essa mesma tecnologia pode promover guerra cibernética, vigilância, espionagem, noticias falsas, desigualdade, automatização dos trabalhos, o que pode deixar as pessoas para trás. Reforçando que devemos governar essa tecnologia para escolher o melhor caminho. Como solução para a bancarização da população, a iniciativa Cufa Card idealizada pela empresário Celso Athayde, que é conhecido como cartão da favela, nasceu da parceria da Conta Um e a Favela Holding. Lançado nacionalmente no dia 11 de julho de 2017, é um cartão pré-pago emitido com a bandeira Mastercard, atrelado a uma conta digital, que tem o objetivo de fomentar a economia das favelas e periferias, beneficiando a vida dos consumidores e empreendedores dessas localidades. O Cufa Card tem benefícios exclusivos e diferenciados, aceito em todos os estabelecimentos credenciados a rede Mastercard. Athayde também convida a toda sociedade a refletir sobre como podemos dividir com a favela toda riqueza que ela gerou ou teremos que dividir todas as consequências também. O apresentador Ronaldo, reforça que o desenvolvimento da China e da Índia só foi possível com tal integração dos mais pobres, logo favela não é o problema, favela é a solução. Para saber mais:
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